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Teses

Livros - Autor

2024

Music, Avant-gardes and Counterculture – Invisible Republics

Author and editor of book Music, Avant-gardes and Counterculture – Invisible republics to be published by Palgrave Macmillan, in 2024.

1998

O Horizonte Basta / Of Horizon Enough

Edição bilingue da editora Frenesi, com poemas de Helder Moura Pereira e Paulo da Costa Domingues, c/oferta CD Digital Audio. Spoken word e sound poetry. Autora do som/música, selecção e arranjos de todos os textos.
ISBN 972-8351-30-5

*Recensões do livro:
http://fmstereo.awardspace.com/Artigos/Artigos_AnabelaDuarteLancaDiscoDePoesia.htm

“Anabela Duarte – Poesia e voz
Em 1998, a editora Frenesi lançou um pequeno livro de 28 páginas com poemas de Paulo
da Costa Domingos e Hélder Moura Pereira, numa edição bilingue (português e inglês), a
acompanhar um CD de Anabela Duarte a dizer, a cantar, a explorar vocalmente esses
mesmos poemas. Para Paulo da Costa Domingos, ele próprio editor da Frenesi, a
publicação do texto escrito dos poemas (na sua forma original) aconteceu “para a pessoa
que ouve o disco poder confrontar o texto donde ela [Anabela Duarte] partiu com o
trabalho de criação que ela teve”83. Chamava-se o livro / CD: o horizonte basta / of horizon enough — Anabela Duarte interpreta / reads Paulo da Costa Domingos / Helder Moura Pereira.
A cantora, com um passado musical ligado aos “Mler Ife Dada” e passagens episódicas por
várias outras bandas de pop rock do início dos anos 80, criou com este projecto a solo
um objecto único, inclassificável. Não sendo um disco de “poesia sonora”, nem um disco
de “poesia dita”, nem um recital de música contemporânea, é tudo isso e algo mais, em
menos de 16 minutos. Acompanhada apenas de um módulo de reverberação e de um
microfone, Anabela Duarte utiliza uma ampla gama de recursos vocais: lê, diz, interpreta,
gargareja, canta em registo lírico operático, tradicional, contemporâneo, experimental.
(in Registos Sonoros de Interpretação Poética,2015,de José António G.M. Silva)”

Livros - Editor

2024

Music, Avant-gardes and Counterculture – Invisible Republics

Author and editor of book Music, Avant-gardes and Counterculture – Invisible republics to be published by Palgrave Macmillan, in 2024.

2014

Paul Bowles: The New Generation. Do You Bowles?

Essays and Criticism. Dialogue Series. Amesterdam/New York: Brill/Rodopi 2014. 383 pp.
ISBN13: 9789042039087

*Entrevista sobre o livro: Meet the editor with Anabela Duarte

https://www.facebook.com/DialogueSeries/posts/789835694443009?fref=nf&pnref=story
http://www.brill.com/products/book/paul-bowles-new-generation-do-you-bowles

Capítulos de livros

2014

Paul Bowles Now and Then

introduction to the volume Paul Bowles: The New Generation. Do You Bowles? Amsterdam/New York: Brill-Rodopi. 1-30.

2014

Noise and violence in Up Above the World, by Paul Bowles: Music as Torture in Modern Fiction

in Paul Bowles: The New Generation, Amsterdam/New York: Brill-Rodopi. 235-250.

2017

“Paul Bowles, an introduction”

in Embracing the Arts: Encounters with Diversity and Co-existence through Literature, Art, Music, Film and Theatre, Readings for the Respect Program, vol. 12, Doctoral Program for Multicultural Innovation, Osaka University, Japan, Ed. by Steve Muller. 159-193.

Artigos em revistas de circulação internacional

2015

Acousmatic and Acoustic Violence and Torture in the Estado Novo: The Notorious Revelations of the PIDE/DGS Trial in 1957

in Music & Politics Journal, vol. IX, No. 1, Mar. DOI

Artigos em revistas nacionais

Outras Publicações

2017

“Paul Bowles, an introduction”

in Embracing the Arts: Encounters with Diversity and Co-existence through Literature, Art, Music, Film and Theatre, Readings for the Respect Program, vol. 12, Doctoral Program for Multicultural Innovation, Osaka University, Japan, Ed. by Steve Muller. 159-193.

Artigos em revistas, traduções e entrevistas

1991

100 anos de fado

100 ANOS DE FADO

“Há nessa vozes, que furam o silêncio à noite, uma espiritualidade que relembra o apelo dos muezzins” – Le Monde

Na realidade, não são cem anos de fado, mas muito mais, pois o fado remonta à Idade Média. Só que nessa altura ainda estava adormecido e embrionário, acabando por tomar forma definitiva apenas em meados do séc. XIX. Existem muitas teorias quanto à sua origem, optando-se vulgarmente por uma das duas vertentes principais: a afro-brasileira ou a árabe. Outros salientam ainda o papel desempenhado pelos marinheiros nas origens do fado ou crêem-no descendente dos cantares de São João, que têm acentuado carácter mourisco. Todas estas teorias têm interesse, mas nenhuma vale só por si. Na verdade, o fado vai beber as suas influências formais e estruturais a todas elas. Assim, sem dever nada à imparcialidade, passarei calmamente a expor o meu ponto de vista.
Em meados do séc. XVIII, Lisboa sofreu um aumento considerável de população, quer vinda do ultramar, quer das zonas rurais do país. Abundavam na cidade numerosos escravos negros livres, importados via Brasil. Tais negros coexistiam lado a lado com o numeroso proletariado branco de natureza pobre e marginal que permanecia intimamente ligado ao submundo lisboeta. Desde já se denota a origem popular do fado e não aristocrática, como alguns querem fazer crer. Era neste ambiente que se dançavam e cantavam alguns dos ritmos e melodias afro-brasileiras como as fofas, os lunduns, o oitavado, as modinhas e o próprio fado que, inicialmente, era “batido” , ou seja, dançado. Todos este géneros musicais influenciaram essencialmente a rítmica fadista, sendo a melodia uma influência muçulmana, remetendo ao tempo dos trovadores ou jograis/fadistas e, claro, à música clássica árabe.
Os muçulmanos, transformados em moçárabes por altura da Reconquista, constituíam também uma grande parte do proletariado branco. Viviam no Bairro Alto, Madragoa, Mouraria e Alfama, os bairros fadistas por excelência.
Desta forma, passou-se do fado de origem coreográfica, com alguma partes cantadas em coro ou em improviso, ao fado exclusivamente cantado, de tons macios e lânguidos, onde a voz solista se destacava. Tal transformação foi realizada gradualmente por vários intérpretes, entre os quais a famosa cantadeira Severa, figura bexigosa e romântica do fado.

FORMA E ESTRUTURA
O ritmo é binário, as melodias estróficas, com ou sem refrão, obedecendo a esquemas métricos fixos: versos de sete sílabas e decassílabos, esquema harmónico simples, respeitando apenas as funções tonais básicas. A guitarra e viola-baixo actuais, substituíram o alaúde, a guitarra castelhana e o violão brasileiro.
Uma das características do fado, é o carácter modular das melodias, cuja riqueza depende do talento do cantor, mas também da adição de novas sílabas a determinadas frases, de maneira a conseguirem-se efeitos harmónicos surpreendentes. O carácter modular da melodia, implica por sua vez, a modulação do ritmo melódico, que acentua em determinados fados o seu carácter polirítmico e sublinha sagazmente a dinâmica interna da própria música. Isso acontece sobretudo nos fados de andamento mais rápido e alegre, como é o caso dos fados corridos.
Existem três modelos rítmico-harmónicos que estão na base de todos os fados: o mouraria, o corrido e o menor, sendo este último considerado o rei do fado. Todavia, para além destes modelos-chave, existem outros modelos secundários de carácter melódico-harmónico não menos importantes, em que os fadistas e instrumentistas apenas respeitam os traços gerais e peculiares. Por exemplo: o fado Rodrigues é uma mistura do modelo mouraria com o menor e, por sua vez, ele próprio constitui um modelo, um tipo, a que são aplicadas sistematicamente letras diferentes, sendo a música sempre a mesma. Daí muitas vezes causar-nos confusão a proliferação diferenciada dos mesmos fados.

FADO VADIO VERSUS FADO PROFISSIONAL
Em sua essência musical, o fado vadio não difere do profissional, e menos ainda do chamado fado aristocrático, pois os modelos acima citados e os fados propriamente ditos, são comuns a todas as categorias. Em relação ao fado aristocrático, a única diferença resulta na lírica utilizada e no estatuto social do cantor e da audiência. No fado profissional, o cantor e os músicos preocupam-se mais com a qualidade vocal e musical, e são pagos para exercerem a sua função, o que não acontece em qualquer casa de fado vadio, onde a informalidade e o ambiente descontraído são fundamentais para criar uma relação de confiança e cumplicidade entre executantes e público, de forma a suscitar a participação activa da audiência em determinadas passagens dos fados, ou mesmo a sua intervenção tout cour. Contudo, é no seio do fado profissional que tem havido evolução e inovação do fado, enquanto género musical, devido à composição sistemática de novas músicas e letras e ao culto de um certo vedetismo individual. Convém notar ainda, que fado vadio não é sinónimo de fado castiço ou vice-versa. Nas casas profissionais também se interpretam fados castiços, e o Alfredo Marceneiro é um bom exemplo disso. Digamos que a característica principal do fado vadio é a sua disponibilidade para a dádiva ou a troca, no sentido Maussiano do termo e, por isso, para a criação de uma situação social e musical mais próxima daquilo a que se poderia chamar o fado antigo.

in Jornal Blitz, 19.11.1991

Concertos e Performances